".. era um time incrível, do Ziraldo ao Clóvis Bornay, passando por Mara Rúbia, Colé, Júlio Hungria e (principalmente, meu Deus) Elke, aquela mulher lindíssima, fantástica etc. Beijos pra você & pro Tico. Tchau."
George Antheil's Violin Sonata n. 2 (Vahid Khadem-Missagh and Gottlieb Wallisch, 2015,Youtube);
Torquato Neto, Torquatália (Rio de Janeiro: Rocco, 2004).
O (Des)construtor/a/Z [I took this video out of Youtube, because I wanted to change it];
Rubem Valentim, Sem Título, Rio de Janeiro, 1961 (A/Z Instagram post);
Clementina e Albino Pé Grande (Foto original de Ronaldo Theobald/CPDOC Jornal do Brasil);
A Coruja Comeu Meu Curió;
Me Dá Meu Boné;
Na Linha do Mar;
Assim Não Zambi;
Tute de Madama [I took this video out of Youtube, because I wanted to change it];
Boca do Sapo;
Atraca, Atraca;
Yaô;
Fui Pedir às Almas Santas;
Moro na Roça (Aracy Cortes);
Flor do Lodo;
Linda Flor;
Jura;
Sidney Magal (Meu Sangue Ferve Por Você, 1977) [this video was taken out from Youtube];
Robert Johnson: Sweet Home Chicago (Youtube);
Robert Johnson: The Complete Recordings (Evergreen/Youtube);
"Costurou na boca do sapo
um resto de angu
- a sobra do prato que o pato deixou.
Depois deu de rir feito Exu Caveira:
marido infiel vai levar rasteira."
"Quem pede as alma as alma dá..."
"Flor do lodo
Mulher de baixos custumes
Ninguém ouve os meus queixumes
Ninguém vê meu padecer..."
"Quando eu morrer
Vou bater lá na porta do céu
E vou falar pra São Pedro
Que ninguém quer essa vida cruel
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi
Eu não quero as crianças roubando
A veinha esmolando uma xepa na feira
Eu não quero esse medo estampado
Na cara duns nêgo sem eira nem beira
Asbre as cadeias
Pros inocentes
Dá liberdade pros homens de opinião
Quando um nêgo tá morto de fome
Um outro não tem o que comer
Quando um nêgo tá num pau-de-arara
Tem nego penando num outro sofrer
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi
Quando eu morrer
Vou bater lá na porta do céu
E vou falar pra São Pedro
Que ninguém quer essa vida cruel
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi
Deus é pai, Deus é filho, Espírito Santo é Zambi
Eu não quero essa vida não Zambi
Clementina é filha de Zambi
Eu não quero essa vida não Zambi
Ninguém quer essa vida assim não Zambi"
"Quelé era mesmo uma biblioteca viva: guardava recordações de setenta anos, incluindo os cantos de trabalho e ritos de escravos, que sua mãe, Amélia, lhe ensinara. Por outro lado, simplesmente não conseguia memorizar uma letra de canção que aprendera havia poucos minutos."
"Sua cidade natal, Valença, foi marcada pela expansão do café no Vale do Paraíba fluminense e o subsequente fluxo escravocrata que ali se formou, fazendo do município um importante polo da cultura afro-brasileira."
"... a reforma urbana de Pereira Passos (conhecida como reforma Pereira Passos ou, ainda Bota-Abaixo), ao mesmo tempo que desenvolveu temas como saneamento, urbanização modernização do tráfego do Rio de Janeiro, também marcou o início de um traumático e excludente processo habitacional, representando o surgimento de muitas favelas cariocas."
"Clementina contou ter participado de uma batalha de confete no boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, zona norte do Rio. Foi em uma dessas brincadeiras que ela recordou ter visto o célebre cantor e compositor Noel Rosa... 'Noel tinha um carrinho, a capota arriadinha e a gente do lado de fora cantando com ele'."
"Contam os registros oficiais da Estação Primeira que a turma dos 'arengueiros' fundadores da escola consistia em uma pequena constelação de craques do samba: Cartola, Saturnino Gonçalves..."
"Para se ter uma noção do quão suntuoso era [a igreja do outeiro da Glória no Rio de Janeiro], oito. mil azulejos formando 61 painéis decoravam a sacristia, a nava, o altar-mor e o coro da igreja, em trabalho assinado pelo mestre ceramista Valentim de Almeida."
"Hermínio Bello de Carvalho, que morava ali perto, voltava da praia quando viu Clementina pela primeira vez. Hipnotizado pela voz, queria chegar até a roda de samba e conferir de perto de onde vinha aquele som."
"... na metade popular de O Menestrel, Clementina se apresentaria com o acompanhamento de César Faria no violão. Um dos maiores violonistas da história do choro no Brasil... iniciou sua carreira profissional em 1939. No ano de 1966 entrou para o consagrado conjunto Época de Ouro, de Jacob do Bandolim, no qual se notabilizou... também era acompanhado por seu filho, Paulinho da Viola, em shows e gravações. De acordo com Turíbio Santos, César Faria era a pessoa certa para acompanhar as variações de tom na voz de Clementina, uma cantora sem a rigidez técnica de seus pares."
"'De repente, os jornais começaram a dar alguma coisa de mim. Veja só. Fiquei meio invocada: meu Deus, que negócio é isso? Sabe que, primeiro, eu pensei até que era gozação? É que eu tenho 62 anos'."
"Mesmo com as divergências, Clementina descrevia Araci Cortes com admiração e fazia questão de se lembrar do ensinamento que recebia da experiente artista... 'Clementina, respire bem fundo, hein?' ou então 'entra firme, com força, com pose de artista'."
"Três nomes lideraram a comitiva [para o Primeiro Festival Mundial de Artes Negras, Fesman]: o embaixador do Brasil em Gana... o folclorista, etnólogo e pesquisador de temas afro-brasileiros Eduardo Carneiro e o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais da instituição, Waldir Freitas Oliveira."
"Sophia ficou encantada com Clementina e mandou um buquê de flores para ela. Elas iam se entendendo meio em. espanhol, do jeito delas, e começaram a mandar flores uma para a outra. Conta-se que Sophia Loren gostou tanto daquela cantora brasileira que passou a se referir a ela como 'Mama'."
"Quelé era católica e adepta de terços e missas... Mas a marca feita a fogo que Clementina trazia no peito mostrava o envolvimento que teve com as religiões de matriz africana durante sua infância em Jacarepaguá, zona oeste do Rio."
"... o Rosa n. 2 produziria uma contribuição inestimável para a música brasileira ao trazer de volta à cena um dos mais respeitados nomes da música, Pixinguinha. Quase septuagenário e afastado do meio musical há cerca de uma década, ele teve presença garantida no espetáculo com duas composições."
"Em seguida, Quelé 'transportava os ouvintes para um ritmo de macumba, genuinamente africano', na definicão de Edson Carneiro, com as curimas 'Ogum Megê', 'Bendito louvado', 'Ó Ganga', 'Lá no mato tem. Ganga', e 'A Maria começa a beber', interpretadas em sequência no álbum."
"'O carnaval de hoje é muito diferente, só tem pula-pula, ninguém sabe sambas. O partido-alto é pouco divulgado e as escolas de samba só mostram coreografia. É carnaval pra turista.'"
"Clementina reforçava sua fé católica sempre que podia, mas se mostrou interessada em gravar a canção candomblecista de Caymmi desde a primeira vez que ouviu."
"O extravagante multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal também aprontaria das suas no Festival Abertura, abocanhando o prêmio de Melhor Arranjo com 'Porco na Festa'."
"'Eu acho que existe uma coincidência vocal pelo tipo de voz entre ela e o Louis Armstrong, que às vezes canta rouco, vai ao agudo e volta. Ela é o Armstrong do Brasil, de saias' [Turíbio Santos]."
"A africanidade também se via no jongo, dança de umbigada que Clementina ajudou a disseminar. Proveniente da região que atualmente engloba Congo e Angola, o ritmo chegou ao Brasil pelos bantos que se instalaram na região do Vale da Paraíba... Também chamado 'caxambu', foi a influência da etnia banto que mais marcou a cultura brasileira..."
"Em um dado momento ela conta ter ficado obcecada por um cantor romântico que estava em alta naquele ano. 'Sou fanzoca de auditório do Sidney Magal', declarou Quelé."
"'Já teve gente que combinou show comigo, eu fiz e depois eles fingiram que esqueceram e nunca me pagaram... Um dia os alunos de um colégio, o Franco [Liceu Franco-Brasileiro], vieram me convidar pra fazer um show lá. Eu fui e foi o maior sucesso. Depois eles me convidaram para fazer outro mas a diretora do colégio não quis deixar e não fiz mais o show. Eu pensei, a diretora que vá para o inferno e nem me lembrava mais. Um dia, olha que coisa mais bonita, os garotos apareceram aqui na minha casa. Eles se reuniram, arrecadaram dinheiro entre eles e vieram trazer meu dinheiro como se eu tivesse cantado."
"E formou uma memorável parceria com Adoniran Barbosa para alguns shows entre março e maio de 1980."
"Companheiro de Clementina dos tempos da Mangueira, Nelson Cavaquinho foi a atração surpresa do espetáculo."
- Felipe Castro, Janaína Marquesini, Luana Costa, Raquel Munhoz, Quelé, a Voz da Cor. Biografia de Clementina de Jesus (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017) [a foto no alto da página, de Clementina com Albino Pé Grande (de Ronaldo Theobald do Jornal do Brasil), foi escaneada também desse livro, rico em material visual];
"Contemplando o mapa africano, temos impressão de que esse continente está discretamente ligado ao Velho Mundo pelo isto de Suez, porém já sabemos das relações culturais entre o território africano, a Europa e Ásia..."
"O Reino de Aksum, do século I a X, os Impérios de Gana, século IV a XV, e do Mali, século V a XIV, viveram considerável desenvolvimento, chegando ao seu apogeu antes da expansão islâmica no século VII a XVII."
"Os Impérios de Mali, da Mauritânia e de Gâmbia crescem acentuadamente entre os séculos V e XVI; entre os séculos IX e XIV, o Songai desmembra-se do Mali, ampliando sua extensão do Senegal ao centro do Saara."
"Na região do atual Zimbabwe surge, entre os séculos XII e XV, o importante Reino do Monomopotapa, que se destaca como detentor da metalurgia do ferro, cobre e ouro, mantendo intercâmbio comercial com a Índia no que diz respeito a metais e marfim."
"Segundo Albert N'Goma, existem dois 'Islãos Negros' sendo que um chegou pelo mar, espalhando-se pela Costa Oriental do Continente Africano até as proximidades de Moçambique, e o outro expandidndo-se por terra, partindo de cima do Saara, espalhou-se pelo Bilad-es-Sudan. Este último de interesse imediato para o presente trabalho, visto suas relações com a escravidão no Brasil."
"Ronaldo Garcia afirma que para o Brasil 'de modo geral pode-se dizer que concorreram apenas dois grupos étnicos: o Bantu, com as suas diversas denominações tribais, para o Norte e para o Sul; o 'Joruba' ou Nagô, também içado de designações várias para o Centro..."
"Segundo Renato Mendonça, 'o sertão da África permaneceu até meados do século XIX um enigma geográfico..."
"A partir dos meados do século XVI, a região costeira africana banhada pelo Oceano Atlântico, situada entre Cabo Verde (Senegal) e Luanda (Angola), tornou-se reserva de escravos empregados nas plantações do Novo Mundo, situação esta que não se alterou por cerca de trezentos anos... Da soma de um milhão de africanos aprisionados pelos portugueses no início do século XVII, mais da metade tinha como origem Angola, Congo e Benin..."
"A Conferência de Berlim (1884-1895) estabelece as normas para a partilha do Território Africano, estimulando a ocupação e fixação de países europeus ávidos para o controle das fontes de matéria prima e do mercado... Este tratado estabelece também a divisão do Território Africano entre França, Bélgica, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Espanha e Portugal, que mantêm as possessões da época do descobrimento."
"Inicia-se uma relação de consumo de peças artesanais africanas, tendo os portugueses encomendado, no século XV, aos artesões do Benin, copos, saleiros e pimenteiros confeccionados em marfim..."
"Sempre chamou a atenção dos europeus a exuberante exibição de metais pelos negros africanos, em especial o ouro..."
"Desde antes de 1914, quando colecionadores e pintores modernos já haviam adquirido obras africanas, atribui-se a Mauricio de Valminck o mérito de ser o primeiro a reconhecer valor na arte africana."
"Este trabalho [Negerplastik de Carl Einstein]... aparece em Leipzig em 1915... uma obra de grande importância estética no referente à escultura africana..."
"Em 1921, Cendrars publicou uma Antologia Negra consagrada à literatura oral dos negros de diversas regiões da África, com textos mais amplos que os de Frobenius na coleção Der Sihwarze Dekameron, publicada em Berlim antes da guerra."
"Os negros africanos, em sua maioria, manifestam atenção especial ao aparato, ao cerimonial, onde a atividade estética manifesta-se integrada, configurada, em especial, nos festivais onde a exuberância de trajes e complementos evidenciam esse gosto, o que não elimina esta postura no cotidiano, através de cosméticos e adornos, escarificações e etiqueta nas relações humanas... A música, em parceria com a dança, desempenha importante papéis, não somente ritualísticos..."
"Objetos, os mais diversos, de utilização cotidiana ou ritual, estão adornados ou codificados por figuras, insígnias, ou motivos que carregam um sentido mágico-religioso."
"... a associação entre beleza e ritual deve-se ao fato da maior eficiência dos objetos mais belos, o que implicará no pleno agrado dos deuses invocados... o valor funcional dos objetos rituais... está intimamente dependente de uma qualificação estética."
"Essa arte das máscaras, que extrapola a pintura facial, é muito desenvolvida pelos negros localizados na selva, ou na savana..."
"Para execução de determinadas peças são necessários, além do conhecimento técnico, sensibilidade estética e o completo domínio dos procedimentos, que vão de precauções, oferendas, sacrifícios, amuletos, estado de abstinência, a determinadas práticas que inibem prejuízos decorrentes da manipulação inadequada dessas forças..."
"... longe do exercício ritualístico, a máscara deverá ser protegida dos olhos ou contato dos não-iniciados..."
"Outro material expressivo é o couro, em regiões de criação de ovelhas, e peles de animais decorrentes da caça, apresentadas, às vezes, em aplicações decoradas."
"No referente aos fetiches, a sua denominação derivaria da expressão portuguesa 'feitiço', que tomou o significado de encantamento ou sortilégio, amuleto, talismã, mascote... Esta expressão adquiriu um caráter pejorativo, mas sabe-se que é a tradução produzida pelos primeiros viajantes portugueses da palavra congolesa Nkisi."
"As esculturas obtêm o seu poder de força de determinados comportamentos ritualísticos realizados não só pelo executor, como, principalmente, pelo homem encarregado de sacralizá-las... esses objetos são portadores de ambivalência. Essas obras são utilizadas para ações terapêuticas ou pra provocar a doença, detendo desta forma, a enfermidade e a cura, disponível ao manipulador."
"A arte sacra africana é raramente monumental, sendo exceções os postes do Daomé e do Camarão, com dimensões consideráveis para possibilitarem uma visão à distância."
"Os africanos carecem de templos, possuindo satuários, nos quais a força divina ou ancestral é resguardada, preservada aos olhos, aprisionando-se energia mobilizadora de forças benéficas ou maléficas."
"Além da madeira e da argila, utilizadas na produção da estatuária, o artista da África Negra empregava, como material para sua expressão plástica, diversos metais. Dai a importância que dava o homem africano ao aprendizado das técnicas de fundição... O cobre, por exemplo, que é associado a uma determinada divindade... Ògún é ao mesmo tempo Òrìsà dos ferreiros, do ferro, da guerra e dos guerreiros... Entre os fon de Dahomey, é de grande importância Gu, o vudu — deus do ferro, herói civilizador e senhor da forja, patrono do ferro, inventor de todos os ofícios manuais."
"A República Federal da Nigéria, nação mais populosa da África, de religiosidade muçulmana em sua maioria, foi colônia britânica, alcançando sua independência em 1960, tem como língua oficial o inglês, porém conserva, nas relações interpessoais e grupais, outras línguas... entre elas, o Yorùbá."
"Identifica-se como Yorubano o grupo étnico que vive a sudeste da Nigéria e parte do Daomé... 'Egbás ou Yorubanos, nàgô, negros da Nigéria, que implantaram no Brasil prodigiosa influência intelectual, social e religiosa' [Iraey Caribé]..."
"É aí [Ilé Ifé, Nigéria] que reside o Ooní de Ifé, muito conhecido como o pai dos falantes do Yorubá, que emigraram na condição de escravos para Cuba e Brasil, e nestes países elaboraram, simbolicamente, uma expressão religiosa particular, chamada Candomblé."
"Já abordamos convenientemente Olódùmarè, deus supremo Yorùba, entidade que está acima dos Òrìsà, uma divindade inacessível, sem culto específico ou um lugar entre os Òrìsà. Esta qualidade de distanciamento, de inacessibilidade, faz com que o mesmo não possua representação material."
"Exu Elegbará-Èsù ou Elégbára, encabeça a listagem de entidades, ordem, esta, que remete à prática do culto, no qual esse Òrisà é saudado em primeiro lugar, devidamente justificado por razões mitológicas."
"Sangó tem, como símbolo, expressão de arte sacra africana, um machado de duas lâminas..."
"Yánsàn é a divindade dos ventos e das tempestades, patrona do Rio Niger..."
"Ganha destaque, no contexto da religiosidade africana, em especial em Cuba e Brasil, o Òrìsà Yémanjá-Yemoja..."
"Construído em 1452, o Forte de Arguim, na Guiné, garantia as investidas comerciais dos portugueses o Continente Africano..."
"A presença de negros, pardos e mulatos na pintura e na escultura brasileira do séc. XVIII é tratada por José Roberto Teixeira Leite em A mão afro-brasileira..."
"Esse vínculo com a África, através da aquisição de produtos para prática religiosa afro-brasileira, ainda se realiza até hoje, existindo casas comerciais especializadas nessas transações."
"José Flávio P. de Barros em seu trabalho voltado para classificação dos vegetais... procura identificar seus simbolismos e mecanismos rituais no ambiente das três principais casas de culto: Engenho Velho ou Casa Branca, Gantois e Òpó Àfònjá, situadas em Salvador, consideradas participantes do que convencionou-se denominar de Complexo Cultural Jêje Nagô."
"'Cada Ègun possui seus trajes característicos, que sugerem contornos de formas humanas' [Juana Elbein]."
"O Ègun Baba-Alépala, que se destaca no universo dos Baba-Àgbà, é particularmente temido, em razão do seu ilimitado poder..."
"Do ponto de vista da organização religiosa-administrativa, o Egbé [terreiro de candomblé] possui estrutura hierárquica, onde as funções são exercidas, mediante preparação iniciática, por sacerdotes de reconhecida competência, tendo na sua cúpula organizacional a Ìyalôrìsà ou o Babalôrìsà (Mãe-de-Santo e Pai-d-Santo)..."
"... o conteúdo masi importante do 'terreiro'é o Àsé, manifestado enquanto 'força que assegura a dinâmica da vida' [Juana Elbein], que permite o acontecer e o devir..."
"A palavra Àsé ganhou, ultimamente, uma amplitude que extrapola sua significação litúrgica, sendo comum ouvi-la, nos diversos segmentos sociais, enquanto saudação, surgindo até a expressão pitoresca de Axé Music para designar determinado estilo musical baiano."
"O Àsé é contido nas substâncias essenciais de cada um dos seres, animados ou não, simples ou complexos, que compõem o mundo. Os elementos portadores de Àsé podem ser agrupados em três categorias: 'sangue' 'vermelho' [por exemplo, sangue menstrual, azeite de dendê, mel, cobre, bronze], 'sangue' 'branco' [por exemplo, sémen, saliva, seiva, álcool, giz, prata], 'sangue' 'preto' [cinza, índigo]."
"A representação plástica, simbólica, do universo, da unidade entre o Àiyé [universo físico concreto] e o Òrun [espaço sobrenatural], é realizada por uma cabaça... Em decorrência dessa concepção, entenderemos o papel de Olórum, massa infinita de ar transformando-se em massa de água, originando Orìsànlá, o grande Òrìsà — funfun, Òrìsà do branco: o ar e a massa de água moveram-se e parte do seu material transformou-se em lama; dessa lama, forma-se um montículo, um rochedo avermelhado, Olórun sopra-lhe seu hálito divino, dando-lhe vida, sendo essa de existência individual, o proto Èsú... a água e o ar pertencem aos elementos — signos do sangue branco do Àse e a terra é condutora do 'sangue vermelho' e 'preto' do Àse."
"O conteúdo do Ígbá-Odú [cabaça que representa o Àiyé e o Òrun]... é considerado um segredo importantíssimo; revelá-lo poderá significar a morte, como também separar as suas partes significa o aniquilamento. O Igbá-Odú é, além disso, a síntese que contém os elementos-signos dos três 'sanges' do Àse — o branco (Efun ou giz), o vermelho (o Osún ou pó de coloração vermelha) e o preto (carvão vegetal, no caso da madeira, ou carvão mineral). Esses elementos, associados à lama — enquanto matéria-prima, obtida no fundo dos rios — representam os elementos essenciais para a existência individualizada."
"O três se evidencia nas representações geometrizadas produzidas através do desenho, pintura e gravação... Ainda levando em conta a representação simbólica geometrizada, Juana [Elbein] trata da relação entre o Èsù, o cone e o caracol, que simbolizam expansão e crescimento."
"Nàná, Náná Burúkú, Ná Burúkú ou Ná Búku, figura entre os Òrìsà genitores da esquerda, associada à terra, à lama e às águas... Juana [Elbein] lembra sua importância no Daomé, onde a mesma foi considerada como ancestral feminino de todas as divindades do Panteão, e na Bahia, onde, em certos casos, Nàná (Nanã) é colocada na mesma hierarquia que Òsàlá... quando manifesta-se em suas sacerdotisas, dança em movimentos lentos com extrema dignidade..."
"... desprovidos de seus componentes orgânicos, os moluscos, os cauris passam a simbolizar os dobles espirituais e dos ancestrais..."
"Oya está também associada ao ar, ao vento, à tempestade e ao relâmpago... Conhecida como Yánsãn na Bahia, tem poderes que a autorizam a ser a única a enfrentar os mortos."
"Uma outra característica é a comercialização dessas peças que, hoje, encontramos em lojas especializadas, porém sendo ainda encontradas nas feiras, a exemplo de São Joaquim, Sete Portas e Mercado Modelo, em Salvador... Sereias — Oxum, latinizadas, que atestam um certo sincretismo..."
"Obaluaiyé dança empunhando o Sásárá, com o qual simbolicamente varre as mazelas da terra, curando-a. Em outra versão mítica, esse Òrisã coça desesperadamente o seu corpo, contorcendo-se..."
"Òbà lúaiyé significa a putrefação, a transformação da matéria, tendo como símbolo o Sàsàrà..."
"Pierre Verger, baseado em ilustrações de Carybé, apresenta, de forma sintética, algumas características cromáticas e formas dos objetos do culto afro-brasileiro..."
- Jaime Sodré, A influência da religião afro-brasileira na obra escultórica do Mestre Didi (EDUFBA, 2006).
Telma, eu não suguei! (featuring lizard from Dario Argento's Opera, 1987) (Z/A Instagram post);
Pictures also taken from the book Torquatália (Rio de Janeiro: Rocco, 2004);
Nosferato no Brasil (Ivan Cardoso, 1971);
Torquato Astrological Chart made with free software Astrology for Windows;
Cajuíana (Caetano Veloso, A/Z mimesis-interpretation) [I took this video out of Youtube, because I wanted to change it];
"Esses heróis que costumavam ser os ícones da liberdade de expressão agora são, subitamente, os rostos do puritanismo e da censura... Caetano Veloso e Chico Buarque tomaram todos os passos necessários para se assegurar de que suas preciosas vidas permanecerão 'incólumes' e que seus segredinhos sujos não serão revelados. Por favor, notemos que o artista é uma persona PÚBLICA..."
Gerald Thomas, Entre Duas Fileiras
"'A excursão dos Doces Bárbaros já era uma espécie de golpe de estado, no qual os baianos diziam que só eles eram donos do negócio', acredita Alex Antunes. 'Com essa atitude, a música brasileira foi perdendo a variedade de caras que diziam tanto quanto Jards Macalé, Tom Zé, Mutantes, em histórias que muitas vezes esbarraram na tragédia pessoal. Desde então, instituiu-se essa forma de sacrifício, de cortar as beiradas menos funcionais em favor do lobby."
Ricardo Alexandre, Dias de Luta
"O poema começa com uma referência à 'geleia geral', expressão criada por Décio, adotada por Torquato Neto e Gilberto Gil, e generalizada para a glória do anonimato. Surgiu da frase 'No meio da geleia geral brasileira alguém tem de fazer o papel de osso e de medula' com a qual DP redarguiu, bate-pronto, à maldição de Cassiano Ricardo: 'Vocês são muito radicais. O arco não pode ficar tenso todo o tempo. Vocês vão ter de afrouxar'. Depois do troco de Décio, o velho Cassiano pôs o chapéu e se despediu com um 'Adeus'. Nunca mais o vimos. Torquato leu o exemplar da Invenção, que lhe dei, onde a expressão aparecia, e ficou siderado."
Augusto de Campos (Reflashes para Décio)
"The aquisition of my tape recorder really finished whatever emotional life I might have had, but I was glad to see it go. Nothing was ever a problem again, because a problem just meant a good tape, and when a problem transforms itself into a good tape it's not a problem any more. An interesting problem was an interesting tape... once you see emotions from a certain angle you can never think of them as real again... I don't really know if I was ever capable of love, but after the 60s I never thought in terms of 'love' again. However, I became what you might call fascinated by certain people... And the fascination I experienced was probably very close to a certain kind of love."
The Philosophy of Andy Warhol
"This category—test—is neither aesthetic, nor ethical, nor dogmatic; it is completely transcendent..."
The young person in Repetition (translation by M. G. Piety)
Alô!
"Daí, as revistas, os jornais, as TVs e as rádios ajudando a vender produtos de baixa qualidade que, no entanto, foram produzidos e precisam de um mercado para pronta-entrega. Este mercado é forçado através das paradas de sucessos" (Torquatália: Geléia Geral, p. 50).
"Quem leu soube a opinião de Nélson [Motta] e de quase todos os compositores jovens sobre as famosas Sociedades Arrecadadoras aqui deste Brasil subdesenvolvido. É verdade: vivemos ainda numa época em que é fácil, facílimo, que três ou quatro sujeitinhos desonestos possam controlar por completo o direito de arrecadar o dinheiro dos outros — e ficar com ele" (p. 52).
"Mas parece que pouca gente conhece essa cantora que, em minha opinião, é uma das melhores que possuímos. Thelma [Soares], para quem não sabe, foi uma das primeiras a cnatar bossa nova. Praticamente descoberta por Vinícius..." (p. 56).
"A música popular americana é importante, a mais importante deste século e é bom que as pessoas possam conhecê-la bem. Mas, por que ninguém lembrou-se ainda de escrever uma historiazinha do samba?" (p. 62).
"Sidney Miller, 22 anos, é, hoje um dos mais importantes compositores da nova geração de nossa música popular" (p. 64).
"... tenho má vontade, mesmo, com o iê-iê que se faz no Brasil. E tenho porque é de baixa qualidade. Exclui o Roberto Carlos, que é o único que sabe catar e, de vez em quando, aparece com músicas bonitinhas" (p. 67).
"De Chris Montez à imbecilidade de Erasmo Carlos ou à banalidade de um Bobby de Carlo vai outra distância que eu não ando. Impossível aceitar a 'ternurinha' analfabeta de Vanderléia ou de sua congênere subdesenvolvida, Maritza Fabiane. Certo, os cabelos de Ronnie Von são bacaninhas, mas que o rapaz não sabe cantar, não sabe mesmo" (p. 69).
"Paulinho da Viola não se dá por satisfeito com o fato de ter talento e poder improvisar numa roda de partido alto. Por isso, ele é hoje um dos músicos mais completos de sua geração. E violonista confesso e praticante capaz de executar sem problemas um estudo de Villa-Lobos, um choro de Nazaré..." (p. 86).
"Entre 1929 e 1937... Noel Rosa compôs um número superior a duzentas músicas: sambas... e marchas, choros, toadas, valsas, emboladas e paródias. Essa obra é hoje, talvez, o marco mais importante da história de nossa música popular" (p. 88).
"Noel Rosa fez muitas paródias para melodias populares em sua época: a maior parte delas é absolutamente impublicável em jornal" (p. 90).
"... um grande artista não envelhece. Apesar dos anos Grande Otelo ainda é o mesmo moleque Tião, o Claudionor da Estela, o poeta inspirado que o tempo nem a vida difícil conseguiram esconder" (p. 92).
"... eu acho que Norma Bengell é uma das cinco melhores cantoras do Brasil. Está dito" (p. 101).
"... samba e marcha-rancho, baião e samba-canção, samba de roda etc. Gil é um filtro: apreende todas essas formas e as utiliza como quer, porque... pode, tem material humano e musical para fazer este trabalho" (p. 107).
"Já os membros da Comissão de Carnaval da Imperatriz são unânimes em afirmar que as escolas de samba tomaram um caminho erra e que seria impossível voltar atrás" (p. 116).
"... conhecemos a arte extraordinária de Clementina de Jesus e reencontramos a divina Araci Côrtes, senhora rainha de nossa música..." (p. 117).
"... aquele preceito tão saudável da pesquisa como elemento decisivo na evolução de um processo cultural qualquer" (p. 131).
"Quem leu, sabe que o II FIC foi 'doado' à TV Globo de à TV Paulista sem abertura de uma concorrência legal e, portanto, de maneira — no mínimo — escusa" (p. 137).
"Cantando, Caetano Veloso se revela um dos melhores intérpretes de suas músicas. Sua voz pequena e afinada, suas divisões sensíveis, sua intimidade com as notas casam-se na mais perfeita harmonia com o tom das canções que interpreta" (p. 139).
"Elis Regina surgiu num momento crítico de nossa música e... O Fino e Elis foram diretamente responsáveis pela afirmação de vários dos nossos compositores, de Edu Lobo a Gilberto Gil... ao lado de Jair Rodrigues, Elis proporcionou as deixas para que muita gente mais surgisse, entre compositores, cantores e músicos..." (p. 141).
"Não, não pensem que eu esteja sugerindo que Elis é a música brasileira. Não é não: mas é uma de suas maiores representantes. Uma de suas mais importantes personalidades. E se posso falar assim, é ainda hoje uma de suas vigas-mestras" (p. 142).
"Estamos todos, imagino, suficientemente bem informados a respeito do jogo de empurra que se desenrola anualmente no submundo dos programas especializados... onde ganha carnaval quem tem mais dinheiro e menos caráter..." (p. 144).
"... a música de Chico Buarque, fortemente enraizada em nossas tradições mais populares, tem provado que o samba pode ser — e é — também música para consumo do público jovem... Tendo como fonte básica de sua inspiração as mais antigas tradições do samba (leia-se: Música Popular Brasileira), ele, a meu ver, como que o reinventou" (p. 147).
"Por essas e por outras é que os compositores estão fugindo do Brasil e fazendo negócios com suas músicas, pessoalmente, com editoras e gravadoras estrangeiras. Edu Lobo, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Marcos e Paulo Valle, Carlos Lyra e muitos outros" (p. 151).
"... afinal, ainda não está claro para ninguém que xingar Roberto Carlos e seu grupo é — no mínimo — uma falta do que fazer? ... 'Frente Única' do samba, se houvesse, não seria brigar com o iê-iê-iê, mas tentar uma união de artistas interessados na sobrevivência de nossa música e dispostos a tomar parte num processo eficaz de massificação desse musical" (p. 155).
"O Bebê de Roseary... o melhor (mais interessante) dos filmes do viúvo de Sharon Tate. Transas de magia negra superbarra-pesada, perigosíssimas; deu no que deu. Mas valeu: o filme é bom. E vou ver de novo" (p. 195).
"Atenção: vai sair, breve, uma edição brasileira da Rolling Stone, a revista underground mais badalada do mundo" (p. 206).
"Contadores de história vão afastando cinema da barra-pesada da realidade, que a meu ver é infinitivamente mais forte e educativo do que qualquer história, bem ou mal contada, dessas antigas" (p. 218).
"A maioria se diz católica. Mas o espiritismo da linha de umbanda é de fato a religião geral do Brasil, terra de Exus" (p. 219).
"... livre do som livre da TV Globo, Ivan [Lins], que é um cara extremamente musical e barra limpa, deve estar preparando um disco da pesada" (p. 230).
"Agora, oficialmente: não estou mais 'pertencendo' a nenhuma sociedade brasileira — nem mesmo à Sicam, que é a mais 'simpática' delas" (p. 235).
"Eis o que eu quero saber: teremos, algum dia, oportunidade de assistir a todos os filmes disponíveis de Zé do Caixão, numa revisão que me parece (e é) da maior urgência no presente momento do cinema brasileiro?" (p. 248).
"O Festival da Canção mais a Sigla da TV Globo querem vender a fina flor da mediocridade nacional e estrangeira para um público que não é exatamente o que vibra com o show do Maracanãzinho. Muita engrupição" (p. 257).
"O texto da contracapa... informa direitinho sobre vários aspectos da carreira (geralmente esnobada pelos idiotas aristocratas daqui) dessa cantora inigualável que é a Angela Maria" (p. 259).
".. dê uma chance ao seu olho, futuque, descubra, transe em superoito. É muito quente e muito frio, só depende mesmo de você" (p. 267).
"Chico tem, pelo menos, cinquenta por cento de sua produção recente interditada; Chico também se recusou a participar do FIC da TV Globo, a festa da mediocridade oficializada (e retardada) desta província... a música de Chico é aberta e portanto está sendo cuidadosamente fechada pelos funcionários e freelancers da coisa (colunistas etc.), num esquema dos mais manjados e repelentes" (p. 268).
"Nada melhor do que Gal: nada mais liberto, mais à vontade, mais maneiro, mais pesado. Essas coisas todas que irritam os bobões..." (p. 274).
"A música popular oficial (a do público, por aqui) não admite experiência e, pelo contrário, veta sistematicamente: basta pintar mais à vontade pra nem ser gravado. Como é o nome disso? Asfixia" (p. 292).
"Depois de One Plus One, Godard e seus amigos (uns & outros) fizeram mais de 10 filme que não passaram, nem passarão na cinemateca do MAM... Do cinema experimental dos americanos piradões (de Warhol a Jack Smith etc.) também não conhecemos nada nem podemos exigir da cinemateca a obrigação de exibi-los" (p. 314).
"O médico pediu: deixa eu ler os teus poemas... O médico achou a linguagem 'totalmente fragmentada' e, para que ele voltasse a escrever como muito antigamente se fazia, mandou interná-lo e impregnou a sua célula nervosa. Crítica literária" (p. 320-21).
"Meu Deus, como Baby Consuelo é tão bonita!" (p. 340).
& até amanhã...
(Socorro! Fim)
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"... However, I also felt that adding voodoo to our experimental repertoire would be socio-politically explosive. So we didn't try it again. One can push the envelope only so far in a university setting without causing administrators to faint. I've met a few who were tough and capable of withstanding the heat generated by controversy. But others? Well, let's just say that they tend to spook easily..." Dean Radin, Real Magic (Harmony/Penguin 2018);
Chico Science & Nação Zumbi: Maracatu Atômico; Chico Science & Nação Zumbi: Sangue de Bairro [video taken out from Youtube]; Planet Hemp: Nega do Cabelo Duro; Planet Hemp: Quem Tem Seda [video taken out from Youtube]; Raimundos: Eu Quero Ver o Oco; Raimundos: I saw you saying;
"Dentro do porta-luva tem a luva, tem a luva
Que alguém de unhas negras e tão afiadas esqueceu de pôr..."
Nação Zumbi
"Foi a partir da junção do rap com o rock que surgiu o som dos anos 90, Beastie Boys, Faith no More, Chico Science & Nação Zumbi."
"'Por essa época as gravadoras multinacionais abriram seu capital para investimentos na bolsa de valores', lembra André Midani... A partir daí, o retorno imediato passou a ser gerado basicamente, de duas formas: reinvestimento nos mesmos medalhões de sempre, de público fiel e rentabilidade certa, e ações corsárias sobre as ondas do momento."
Pictures of Porto Alegre's Harbour/Guaiba (taken by A/Z);
Jim Jarmusch's Permanent Vacation (with Chris Parker) (1981);
Engenheiros do Hawaii: Toda Forma de Poder;
Engenheiros do Hawaii: Sopa de Letrinhas;
TNT: Ana Banana [this video was taken out from Youtube];
TNT: Identidade Zero;
TNT: Entra Nessa;
Júpiter Maçã: Miss Lexotan;
Júpiter Maçã: Marchinha Psicótica do Dr Soup;
Júpiter Maçã: Mademoiselle Marchand;
Júpiter Maçã: Welcome to the Shade;
"Eu presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem nada..."
"... o nosso amor eh nazi-fascista..."
Humberto Gessinger
"... wie der das Schwerste von Schicksal, ein Verhängniss von Aufgabe tragende Geist trotzdem der leichteste und jenseitigste sein kann — Zarathustra ist ein Tänzer —;"
Nietzsche
"Entendió, en la niebla amarilla de la nada, que nada había cambiado..."
Cortázar, Rayuela
"... eu gostava muito de matar aula e ir pro centro de Porto Alegre, onde tinham lojas de disco com cabines de som e você podia escolher um vinil pra ouvir... pegava o Trensurb e ia direto pro aeroporto comprar cigarros importados... e ficava olhando pros aviões..."
"Subíamos no alto de um prédio na Avenida Independência, eu não sei como... pra cima da caixa d'água, onde tomávamos Bentyl."
Júpiter Maçã, A Odisséia
If we didn't live in this fucking giant apathetic country, which is a well of resentment, and more, so further to the South, which means the real asshole, the TNT energy phenomenon (first the whole band & than Jupiter Maçã) should already have been recognised somewhat worthy of the following phrases:
"Then the Ramones came back, counted off again, and played the best eighteen minutes of rock & roll that I had ever heard. You could hear the Chuck Berry in it... They talked about comic books and sixties bubble-gum music and were really deadpan and sarcastic."
Legs McNeal (Please Kill Me)
"I just thought Richard Hell was incredible. Here was a guy all deconstructed, torn down, looking like he'd just crawled out of a drain hole, looking like he was covered in slime, looking like he hadn't slept in years, looking like he hadn't washed in years, and looking like no one gave a fuck about him. And looking like he didn't really give a fuck about you!"
Malcolm McLaren (Please Kill Me)
"The profanity hooked me first (I was fourteen), Johnny Rotten's 'fuck this and fuck that/Fuck it all and fuck her fucking brat.' More than the naughty words themselves, it was the vehemence and virulence of Rotten's delivery—those percussive 'fucks,' the demonic glee of the rolled rs in 'brrrrrrrat.'"
Simon Reynolds
**Also: "The English bands were basically doing their impression of what they thought was going on in New York, and it was over exaggerated... I mean, were the Talking Heads tough? Was Television tough? Was Blondie tough? Basically, punk rock was just rock & roll... we were all at the age where we had grown up with pop radio: Buddy Holly, the Everly Brothers, Little Richard, and Chuck Berry."
Eliot Kidd (Please Kill Me)
A maior picaretagem escrita pelo Arthur Dapieve no BRock: "Fora Replicantes, De Falla e outras bandas de inspiração punk, a cena porto-alegrense tinha muito rhytm 'n' blues... e muito rock 'n' roll básico (TNT), sem no entanto, um mínimo de qualidade" (Ed. 34, 2015, p. 193). O livro como um todo é interessante, mas tem uma série de frases taxativas mais ou menos iguais a essa que depõe totalmente contra. Engenheiros do Hawaii, o Dapieve considera a banda gaúcha mais significativa, o que acho que está correto. Existia uma energia genuinamente musical no TNT, entretanto, que pra ele passou totalmente despercebida. A interpretação da Ana Banana acima mostra que o grupo era na verdade mais contundente que Replicantes e De Falla (que em geral soam forçado, musicalmente falando).
Chet Baker in Telma, eu não suguei!'s version (A/Z Instagram post);
***Portraits taken from the Internet. Roubado, sem crédito, porque só mortos caminhamos (Camélia, meu cú que ria!!)...
Jean-Michel Basquiat, Untitled (1981), image from Leonhard Emmerling's Basquiat;
Presuming Ed PLUS the history of rock ticket (potlatch invitation);
***The War on Drugs is an Epic Failure (Jim Batt, Kim Boekbinder);
John Lee Hooker: Boogie Chillun (Youtube);
Robert Johnson: Sweet Home Chicago (Youtube);
J. J. Cale: Cocaine (Youtube);
Jesse Owens (and Naoto Tajima) at Berlin Olympics 1936;
Dina Sfat, Elke Maravilha e Marília Pera;
Pessoa Nefasta (Gilberto Gil, 1984);
Let's Get Lost (about Chet Baker, by Bruce. Weber, 1988) [the video was taken out of Youtube];
In Search of Billie Holiday (Linda Lipnack Kuehl/BBC, 2021) [the video was taken out of Youtube];
Scott Joplin's Pineapple Rag (Youtube);
George Antheil's Violin Sonata n. 2 (Vahid Khadem-Missagh and Gottlieb Wallisch, 2015,Youtube);
The Blues Exotic Scale (Music Theory for Guittar, 2019);
Augmented Sixth Chords in Popular Music (Music Theory Advanced, 2016);
Chomsky about the War on Drugs (see text below);
Why Portugal Decriminalized all Drugs (Vice/Jamie Clifton);
"... blackness is also attributed to the sun, according to a certain long-hidden tradition. One of the shocks for candidates in the 'Mysteries' was the revelation 'Osiris is a blackgod.'"
Aleister Crowley, The Book of Thoth
"Or, si la mère de l'hermétisme chrétien est la Kabbale, son père est l'hermétisme égyptien (le Corpus Hermeticum est le pendant égyptien et hellénique du Zohar juif et de la Kabbale juive en général)."
Antoine Faivre, "Analyse des Méditations de Valentin Tomberg" (Accès de l'ésotérisme occidental)
"Una noche lo oyó llamar al Diablo 'padre' y pedirle que viniera a ajudarlo."
Mario Vargas Llosa (La guerra del fin del mundo)
"Tal ligação aliás faz parte da experiência cotidiana de todos os ouvintes contemporâneos, não raro às voltas com um teminha absolutamente detestável do rádio, que no entanto se agarra aos nossos ouvidos com a força de um mau-olhado... Os portugueses foram os primeiros, na época moderna, a estabelecer relações comerciais e de conquista com as culturas negras da África. E chamaram de feitiço, isto é, coisa feita, aos objetos, bonecos, oferendas, etc. aos objetos que os africanos empregavam com finalidades mágicas e religiosas. Essa palavra portuguesa deu origem ao francês 'fétiche', ao inglês 'fetich', ao alemão 'fetichismus' utilizado por Marx na famosa quarta seção do primeiro capítulo de o capital... Vemos, portanto, que as palavras feitiço e fetichismo têm sua própria origem no contato inicial entre portugueses e africanos."
Carlos Sandroni (Feitiço Decente)
"... and often she sang to Anthony alone, in Italian or French or in a strange and terrible dialect which she imagined to be the speech of the Southern negro."
F. Scott Fitzgerald (The Beautiful and Damned)
"The style, the grace, the coolness, the cynical zen detachment from the system came from the blacks. No white professor had to tell the blacks to turn on, tune in, and drop out of conformity."
Timothy Leary
"La octava carta, sobre los castigos corporales que había visto impartir a los siervos en patios y calles de la ciudad, y la novena sobre los instrumentos de tortura usados en tiempos de la esclavitud: el potro, el cepo, el collar de cadenas o gargalheira, las bolas de metal y los infantes, anillos que trituraban los pulgares..."
Galileo Gall/Mario Vargas Llosa (La guerra del fin del mundo)
"Les impressionnistes avaient chassé le noir de leur palette, je l'y remettais — en bonne place — et un peintre amoureux, comme Renoir, autant de la lumière que de la couleur, par sa franchise et son honnêteté me confirmait ceci: le noir non seulement est une couleur mais aussi une lumière."
Henri Matisse (quoted by André Masson)
"Jimi Hendrix é um pensador e a ele dedico e a ele dedico todos os meus travellings [em Abismu], panorâmicas e planos fixos. Com ele descobri a necessidade de tudo dizer de uma só vez não importa com quê."
Rogério Sganzerla (Folha de São Paulo, 1979)
"In Detroit, if you were a white kid, your dream would be to be a black thug with a guitar and play like one."
Iggy Pop (Please Kill Me)
"Then the Ramones came back, counted off again, and played the best eighteen minutes of rock & roll that I had ever heard. You could hear the Chuck Berry in it..."
Legs McNeal (Please Kill Me)
"'Well, my older brother has some Hendrix stuff. Are you Experienced? is bloody great, actually!' Robert Smith enthused."
Lol Tolhurst (Cured)
"In fact, as a punk rocker, you were saver in those days at the black dances than you were going down to the local withe-boy pub. For me, hearing the bass that loud was a huge thing."
Jah Wobble (from Simon Reynolds, Rip It Up)
"... então, Ritinha, estou hospedado no mesmo hotel e pergunto se você está a fim de cheirar umas lagartas de fuder as cartilagens? Meu quarto é número tal, não pense bobagem, tenho idade para ser seu pai, só quero uma boa companhia."
Nelson Gonçalves (Rita Lee, Uma Autobiografia)
"O cantor Nasi lembra que, até os anos 1930, a cocaína era um 'tonificante' consumido por notáveis como Monteiro Lobato (que teria homenageado a substância criando o 'pó de pirlimpimpim' em seu Sítio do pica-pau amarelo) e Carlos Drummond de Andrade. 'Era um quitute servido em festas muito chiques, em bandejas de prata.'"
Ricardo Alexandre (Dias de Luta)
"Right after I was fired, John Sinclair was arrested for two joints of marijuana and sentenced to nine years in prison... All the forces of law and order were galvanized in those early years of the Nixon administration—this was a time when Attorney General John Mitchel had just come to power with a very strong antidrug, antiyouth, law and order message."
Danny Fields (Please Kill Me)
"I hate Art. It makes me sick. SoHo should be blown off the fucking map, along with all its artsy assholes."
James Chance (Rip It Up)
"An ordinary theatre going public generally has a certain narrow-minded seriousness."
Constantine Constantius (translation by M. G. Piety)
"... in September 1920, Joyce wrote to Stanislaus of reports that he had been spy in Dublin for the Austrians, in Zurich for the British or for the Sinn Féiners, that his Ulysses was a pre-arranged German code, that he was a cocaine addict, the founder of dadaism, a bolshevik propagandist, the cavalier servente of the Dutch..."
Richard Ellmann
"Eine lange lateinische Abhandlung in Einer Nachtwache niederzuschreiben und auch noch ab-zuschreiben, mit dem Ehrgeiz in der Feder, es meinem Vorbilde Sallust in Strenge und Gedrängtheit nachzuthun, und einigen Grog von schwerstem Kaliber über mein Latein zu gießen, dies stand schon, als ich Schüler der ehrwürdigen Schulpforta war, durchaus nicht im Widerspruch zu meiner Physiologie, noch vielleicht auch zu der des Sallust — wiesehr auch immer zur ehrwürdigen Schulpforta..."
Nietzsche
"Je veux, dans cette dernière partie, définir, et analyser le ravage moral causé par cette dangereuse et délicieuse gymnastique, ravage si grand, danger si profond, que ceux qui ne reviennent du combat que légèrement avariés, m'apparaissent comme des braves échappés de la caverne d'un Protée multiforme, des Orphées vainqueurs de l'Enfer. Qu'on prenne, si l'on veut, cette forme de langage pour une métaphore excessive, j'avouerai que les poisons excitants me semblant non seulement un des plus terribles et des plus sûrs moyens dont dispose l'Esprit des Ténèbres pour enrôler et asservir la déplorable humanité, mais même une de ses incorporations les plus parfaites."
Baudelaire (Les Paradis artificiels)
"Menos justificável, ainda, a demonização da matemática e da geometria, que chega a ser um disparate no caso de obras como os 'bichos' de Lygia Clark, magníficos achados dentro da pesquisa de formas geométricas, inidentificáveis fora desse âmbito, apesar da ilusória titulação figurativa. Trata-se, me parece de uma distinção ideológica... Uma linguagem contestatária radical e minima mantém-se como denominador [entre concretos e neoconcretos] — em arco máximo do espectro — tanto na contestação antiartística dos labirintos e penetráveis de Hélio Oiticica quanto nas propostas urbanopaisagísticas e lúdico-labirínticas de Cordeiro ou no mobiliário sucinto de Geraldo de Barros, voltados para a socialização pragmática e coletiva."
"Longe de quezílias pessoais e dos sectarismos regionalistas, Hélio partilhou com Cordeiro a reformulação das propostas de vanguarda que convergiram nas mostras 'Opinião 65-66' e 'Nova Objetividade' (1967). Com a mesma abertura, Hélio soube dialogar com os poetas concretos. Em fins de 1968, rompendo definitivamente com o artificial antagonismo Rio-São Paulo, ele e Haroldo de Campos incitaram um intenso contato que frutificaria em muitos lances e laços de interlocução."
Augusto de Campos (Waldemar Cordeiro: Pontos de Partida e de Chegada)
"Estou começando a ler uma mulher com boa cara chamada Simone Weil. Uma mística das antigas eras mas que o Michel acha que eu estou passando também por uma grande experiência mística na medida em que sou o outro. Imagine uma experiência mística e erótica ao mesmo tempo, mas um erótico nada transcendente e camuflado... Aconteceu um fenômeno incrível essa noite. Depois de começar a ler o tal livro, e ela usa muito a terminologia do vazio pleno, e também outros termos que uso, só que em uma outra concepção etc. e tal. Dormi. Acordei duas vezes à noite e, aterrorizada, percebi uma luz difusa dentro do quarto... no duro e pela primeira vez tremi de horror. Mesmo na Praia da Rasa, quando aconteceu aquele fenômeno, lembra-se, de minha cama ter sido levantada e batida no chão, não tive tal medo... Acho que coisas começam a se remoer dentro de mim e devo passar ainda por grandes transformações! É duro, mas o que se há de fazer?"
Lygia Clark (carta a Hélio Oiticica)
"Sua carta foi muito importante para definir e esclarecer uma série de coisas e principalmente para que eu acrescente na seção de corpo (BODYWISE) do livro que faço a importante e claríssima definição sua (como sempre) e que peço aqui sua permissão para usar coisas da carta. Penso em colocar num espaço grande em cor ou branco o seguinte: LYGIA CLARK: É a fantasmática do corpo, aliás, o que me interessa, e não o corpo em si"
Hélio Oiticica (carta a Lygia Clark)
"Giving up Beethoven, the emotional climaxes and all, is fairly simple for an American. But giving Bach is more difficult. Bach's music suggest order and glorifies for those who hear it their regard for order, which in their lives is expressed by daily jobs nine to five and the appliances with which they surround themselves and which, when plugged in, God willing, work... Jazz is equivalent to Bach (steady beat, dependable motor), and the love of Bach is generally coupled with the love of jazz. Jazz is more seductive, less moralistic than Bach. It popularizes the pleasures and pains of the physical life, whereas Bach is close to church and all that. Knowing as we do that so many jazz musicians stay up to all hours and even take dope, we permit ourselves to become sympathetically at least, junkies and night owls ourselves: by participation mystique. Giving up Bach, jazz, and order is difficult. Patsy Davenport is right."
"'Call me Helium' (Me chame de Hélio) — pedia Jimi Hendrix." Waly Salomão, Hélio Oiticica: Qual é o Parangolé (Companhia das Letras 2015, p. 25).
"Eu quis homenagear o que penso que seja a revolta individual social: a dos chamados marginais. Tal ideia é muito perigosa mas algo necessário para mim... o que me deixava perplexo era o contraste entre o que eu conhecia dele como amigo, alguém com quem eu conversava no contexto cotidiano tal como fazemos com qualquer pessoa, e a imagem feita pela sociedade, ou a maneira como seu comportamento atuava na sociedade... Esta homenagem [ao Cara de Cavalo] é uma atitude anárquica contra todos os tipos de forças armadas..." (p. 37).
"São dirigidos aos sentidos, para através deles, da percepção total, levar o indivíduo a uma suprassensação, ao dilatamento de suas capacidades sensoriais habituais, para a descoberta do seu centro criativo interior, da sua espontaneidade expressiva adormecida, condicionada ao cotidiano..." (p. 60).
"Todas essas relações poder-se-iam chamar 'imaginativo-estruturais', ultraelásticas, nas suas possibilidades e na relação pluridimensional que delas decorre entre 'percepção' e 'imaginação' produtiva (Kant), ambas inseparáveis alimentando-se mutuamente..." (p. 85).
"Eu sou filho de Nietzsche e enteado de Artaud. Desde os treze anos que leio Nietzsche" (p. 87).
"Angela Maria... uma criadora total, particular, mais do que Dalva: a primeira grande criadora negra do Brasil — isso é importante e mostra o prejudico que as pessoas têm com ela: Dalva era mestiça, mas branca. Mas Angela ninguém quer aceitar: é uma ameaça..." Helio Oiticica em Torquato Neto, Torquatália (p. 236).
"Ex-Amor, sem a vulgaridade, ou melhor, banalidade das novelas da Globo: supervulgar, inteligente... Adelino Moreira é justamente a imaginação nativa do Brasil, em tudo o que de gasto ou não esse conceito possa possuir: Angela ou Nelson Gonçalves sabem disso..." (p. 237).
"Angela nada tem de cafona... Nunca hei de esquecer quando vi Emilinha de perto, da precisão de detalhes da vestimenta: cetim verde, sapato de salto altíssimo verde do mesmo, ou não, mas do mesmo tom: uma pintura digna de qualquer mestre expressionista alemão plus Matisse, sei lá..." (p. 237).
"Vocês pensam que Nova York é porta do Paissandu? Ignorância mais provincianismo..." (p. 366).
***To raise the dead— &/or evidence for the villainous affair, the tale of family disonour, Romish church's pact with the devil (considered the greatest outrage against sense and decency, to be plagued and pestered, though solemnly ratified, à Dieu rien n'est impossible, menteur avéré, nom d'un chien):
"Although Greek names were sometimes applied to the church modes and the principle of diatonic octave scales is found in both systems, certain significant discrepancies seem to belie any direct historical connection. Most conspicuous is the different meaning attributed to the names of the Greek octave species and of the church modes. Comparing the two systems provides a plausible explanation: medieval theorists apparently assumed wrongly that the Greek octave species were named in ascending rather than descending order. The Greek octave species Dorian (E–E), Phrygian (D–D), Lydian (C–C), and Mixolydian (B–B) thus appeared in the church modes as Dorian (D–D), Phrygian (E–E), Lydian (F–F), and Mixolydian (G–G)," (from "Mode," entry in Brittanica, by Mieczyslaw Kolinski);
I would usually dismiss much of Chomsky's narrative in this video as unreliable conspiracy theory; but since totally incredible things such as Trump, Brexit & Bolsonaro indeed turned up as totally REAL, what would be fair to believe in?! at least Chomsky gives a clear narrative from the opposite side of what has now "succeeded"; what he says about the so-called War on Drugs reminds me of Burroughs and seems particularly important:
"... you have to really ask yourself whether controlling coca production has anything to do with the purpose of all of this... for decades the United States has been fighting what is called the drug war, to try to get rid of the opium production... it has essentially no effect on opium production, but it has had other effects, perfectly predictable effects... in the United States it is a technique for reintroducing slavery.... black life was criminalised and you had a new slave class... for a couple of decades after the Second World War, there was a substantial economic growth, industrial growth, so black men could get job as other workers and start moving into a relatively decent life... well, but by the 70s that essentially was over... the economy moves towards financialization, towards the elimination of industrial production, the neoliberal policies were introduced, you got this huge superficial population again... what do you do with them? throw up them into jail... and in fact that is exactly what happened; so the consequences of the drug war here was primarily, domestically to reincarcerate a large part of the black population, and also Hispanic population... and in fact they are again factory labour, they are cheap and easy exploitable labour... it is called voluntary, but when you are in jail voluntary has a special meaning... and you know when people complain about say... Guantanamo, it is all kind of a little ironic, because American prisons aren't that much different, they are torture chambers, it is a horrible system... and there were other consequences: it is a way of frightening the rest of the population here, imposing what is called law & order; so if you want to frighten and control the population, they have to be afraid of something; and they can be afraid of, you know, Hispanic narcotraffickers that are trying to destroy us and that sort of thing... the fact that it consistently fails in its alleged purpose, namely, reducing drug use, or even availability of drugs, doesn't matter, because it is succeeding in its actual purpose... in fact three, quite conservative, Latin American ex-presidents, Zedillo, Cardoso and Gaviria... put out a study which calls for just the elimination of the drug war, they said it's got nothing to do with controlling drugs..." (Noam Chomsky, History of US Rule in Latin America):
****Excerpts from a Michèle Lamy & GAIKA interview (Dazed, March 2018):
"I always want to explore ‘radical luxury’ – I mean, I like radical more than I like luxury, and it’s very nice to be able to combine art and the commercial, but it’s one thing to say something, but you need to demonstrate it with the theme. And so we have the collection upstairs and this here (the boxing studio)."
"For me it’s about equality, it’s about honesty. It’s about all these things where I can’t accept the alternative. Like some of the things we just seem to accept in the world as normal. Misogyny, racism, intolerance, you know, we have conversations surrounding these things in the media all the time, but nothing’s changing. And when you think about it, it’s pretty abhorrent. You know, you have to tell men not to rape people, like, including people who supposedly run the world, they have to be told not to rape…"
"I think boxing is a good metaphor for the fight we face and how we should be fighting it. You know, boxing is one-on-one. You look your opponent in the eyes and there are a lot of rules and and there is a lot of respect, traditionally. You know, it brings in a lot of different people; you take people off the street, and kids, and people from all different walks of life, and you see people realise themselves and their potential in the boxing ring. Instead of taking a gun and shooting 20 people in anger, you can be measured and see how to be strong and how to stand for yourself as an individual here."
"The world’s changing and I think the power in the world is shifting and changing. It’s shifting away from the West, it’s shifting away from men, and you’ve got one of two reactions: accept the world is changing and be part of it, or build walls, physically or metaphorically to stop it and to block it out... Yeah, to be like Trump and his wall, you know, in the White House cowering thinking ‘we are the last supreme white beings’, sitting there with his finger on the nuclear button... So extreme. You know, I think that it (Trump’s appointment) made a lot of people wake up..."
"You know, it never really made sense to me – the massive amount of inequality in the world just seems unnecessary. It just doesn’t seem like an efficient way to keep the world turning if you think of it as a machine or a structure. It’s purely about ego as far as I can tell, it’s not even just about the material side of things or money, it’s about dominance."
"... since the dawn of the internet, and people being constantly connected to these violent images every minute, every second, it’s important that the press change too. The media should be analysing themselves and changing the way they do things. I want to see unbiased opinions, I don’t want to see left-wing newspapers or right-wing newspapers. I want to see a tribune that covers it all in a fair way..." Michèle Lamy and GAIKA go head to head on the fight for the future (Dazed, 2018);