Kurdt Coebane's Kurdt Alone Ornamented (original picture from Brett Morgen's Montage of Heck, 2015) plus transcriated quotations from Nelson Leirner, Agusto de Campus Blonde & dance (A/Z Instagram post);
Haroldo de Campos reading Galáxias in Júlio Bressane's Sermões (1989);
Haroldo de Campos, imagem em Hi Fi (Ivan Cardoso, 1999);
Cademar (Tom Zé/Youtube);
George Antheil's Violin Sonata n. 2 (Vahid Khadem-Missagh and Gottlieb Wallisch, 2015,Youtube);
A Suavidade do Vento/Cristovão Tezza (AZ Youtube);
O Caso Morel/Rubem Fonseca (AZ Youtube);
"Eu honestamente achava que Haroldo tivesse feito um pacto com Mefistófeles."
"Como pode Haroldo de Campos ter morrido praticamente na pobreza?"
Gerald Thomas, Entre Duas Fileiras
"BRASIL é o maior corta-barato que existe; um copo de leite, corta qualquer onda, menos a nossa é claro. Nunca vi tanta burrice e vulgaridade, por isso prefiro pensar em você e amá-la e fascinar-me com tudo o que você é e que nada tem a ver com aquilo: EXEMPLO DA EXCEÇÃO! E cada vez menos gente contacto por lá: IRMÃOS CAMPOS são dos poucos e de nível que sabemos e escrevi longamente sobre você e tudo o que me veio com sua carta, sopro vital, tão diferente da morna complacência brasileira de banho de bidê; dá-me arrepios sequer pensar naquilo tudo."
Hélio Oiticica (cara à Lygia Clark)
"Saussure, anagramas, o diabo no texto. Proporei aqui uma equação à maneira de ex-libris: Saussure (anagrama) está para Peirce (diagrama) como ambos para Fenellosa/Pound (ideograma). Homologias fônicas, homologias sintáticas (coreografia logopaica), homologias visuais. Dessa conjunção irradiante pode decorrer toda uma Ars Poetica."
Haroldo de Campos (Nota Prévia/A Reoperação do Texto)
"Eis, no plano fônico, o preceito mallarmeano, mais geral, das 'subdivisões prismáticas da Ideia', que inspirou a explícita configuração em partitura (horizontal/vertical) do Lance de Dados (1897), e que vai instigar depois o simultaneísmo futurista e dadaísta... No poema 'Lygia fingers', da série Poeta-menos (1953), de Augusto de Campos, inspirado na técnica da 'Klangfarbenmelodie' (melodia dos timbres) do compositor Anton Webern, há, por exemplo, uma verdadeira anagramatização progressiva do nome-tema, a percorrer toda a peça... Starobinski termina sua primeira apresentação dos trabalhos saussurianos com uma suspensão de julgamento. Para Saussure, a poesia clássica seria uma arte combinatória; mas toda linguagem é combinação. O campo está assim livre para os decifradores, sejam cabalistas ou foneticistas."
Haroldo de Campos (Diábolos no Texto/A Reoperação do Texto)
"E aqui deve ser indicado que Pound, entre 1913 e 1914, passou a explicar o imagismo 'em termos que envolviam o ideograma... Realmente, se tivermos presentes as observações de Fenellosa sobre a estrutura do ideograma (kanji, para o japonês), ou seja, que 'neste processo de compor, duas coisas conjugadas não produzem uma terceira, mas sugerem alguma relação fundamental entre ambas', compreenderemos que um ideograma isolado pode ser, em si próprio, pela alta voltagem obtida com a justaposição direta dos elementos, um verdadeiro poema completo... James Joyce, sistematizando a 'palavra-valise' de Lewis Carrol (galumph, p. ex.: gallop + triumph), tem citações como silvamoonlake... Na verdade, a 'palavra-valise' é quase que uma contraparte verbal do ideograma... já não mais secciona, mas incorpora em um 'continuum' os vários elementos da ação ou da visão. Nela se procura preservar aquela 'qualidade de uma contínua pintura em movimento', de desenrolar cinematográfico... Donde se poder, também, lembrar, com Eisenstein, que a montagem cinematográfica pode ser descrita em termos de ideograma..."
Haroldo de Campos (Haicai: Homenagem à síntese/A Arte no Horizonte do Provável)
"... procurei demonstrar a significação pioneira do contributo do criador da arte 'merz' para a poesia nova, em termos de correlação com as pesquisas da música mais recente, sobretudo no campo da experimentação vocal, cujo ponto culminante está na peça Gesang der Jüngling, de Karlheinz Stockhausen, escrita entre 1955-56. Schwitters compôs, entre 1921-23, uma 'Sonata Primoridal' ou 'Sonata Pré-Silábica' (Ursonate), a mais radical e consequente das quantas experimentações se fizeram até hoje no campo da poesia fonética (sonorista), diante da qual empalidece tudo o que posteriormente intentaram os 'letristas' franceses, comandados por Isidore Isou... Stockhausenn, de sua parte, no 'Canto dos Adolescentes, outra coisa não fez senão fragmentar e remontar 18 linhas extraídas de um salmo bíblico do Livro de Daniel, de modo que as palavras, engastadas no bojo de uma composição eletrônica, transitem do estado de ruído a-semântico (desprovido de significado) ao de inteligibilidade (alguns vocábulos ou sintagmas vão-se deixando coagular semanticamente..."
Haroldo de Campos (Poesia de Vanguarda Brasileira e Alemã/A Arte no Horizonte do Provável)
"A poesia nunca se mediu pela quantidade de papel impresso. Toda a obra poética de Mallarmé cabe num pequeno volume. De Arnaut Daniel só nos restam dezoito poemas. Alguns sonetos constituem a glória de Gérard de Nerval. Rimbaud cabe num livro de bolso."
Augusto de Campos (Sem Palavras)
"Contrariamente ao que imaginam certas mentes redutoras e mesquinhas da nossa crítica comparatista, por vezes alambicadas de eruditismos, mas notoriamente incompetentes para aferir valores artísticos, nem sempre a influência desqualifica a criatividade e a invenção... Transformar o tabu em totem. Antropofagia: de Quevedo e Gôngora por Gregório; de Sterne por Machado; de Cendrars por Oswald. Por mais que assuste aos papiloscopistas de plantão de nossa subcrítica acadêmica..."
Augusto de Campos (O Enigma Ernani Rosas)
"The figures in the ISCM and the League were not powerful aesthetically, but powerful only politically."
John Cage (History of Experimental Music in the United States)
"Nosso trabalho sobre a obra de Sousândrade se iniciou com quatro longos ensaios publicados de 18 de dezembro de 1960 a 29 de janeiro de 1961... Empreendidos de uma perspectiva sincrônica e atuante por seus autores, e não de uma ótica diacrônico-acadêmica, analisavam detalhadamente a modernidade da linguagem e da temática da sua poesia, até então desprezada pelo mainstream canônico brasileiro, que sempre o considerou um romântico menor... Foram eles o embrião da ReVisão de Sousândrade e da seletânea de sua obra, que organizamos, com ênfase no "Inferno de Wall Street". O livro foi publicado sob o risco de apreensão, em plena vigência do golpe militar de 1964, e sob a franca hostilidade da maioria dos integrantes do mundo acadêmico e universitário."
Augusto de Campos (Re-www-Visão: Gil-Engendra em Gil-Rouxinol)
"O contato com Cage começou, via epistolar, em 1973, quando terminei a primeira revisão da versão de Rogério Duprat [de A Year from Monday] e buscava autorização pra a edição brasileira. O poeta e músico Dick Higgins, que eu conhecera em 1968, forneceu-me o endereço. Higgins dirigia a editora de vanguarda Something Else Press, que publicou, em belíssimas impressões, livros de Gertrude Stein, Merce Cunningham e Cage, assim como a Anthology of Concrete Poetry, com ampla representação dos concretos brasileiros. Mandei a Cage também alguns livros, como a Antologia Noigandres, Poetamenos e, mais tarde, Caixa Preta e Peomóbiles. Trocamos algumas cartas. Depois, em 1977, ele enviou para uma exposição do MAC um dos seus trabalhos visuais, feito com o auxílio do artista gráfico Calvin Sumsion... numa carta ao diretor do museu, pediu que, terminada a exposição o seu poema-objeto me fosse entregue. Quando fui para a Europa em fins de 77, pensei em voltar por Nova York. Haroldo já estava em Yale. Escrevi ao Cage para tentar um possível encontro e ele, generosamente, se dispôs a nos receber, entre viagens, nos primeiros dias de março de 78 — 'I would be glad to make dinner for you and your brother and wife (or wives"?)'. Numa noite de inverno, no dia 3, lá estivemos, todos, mais Regina Vater e Alfredo Portillos. Um memorabilíssimo jantar, feito pelo próprio Cage, muita bebida, muito papo... Ele fez questão de fazer até o café, num coador de pano... Um homem de grande sabedoria, humor e modéstia, que não falava sobre sua obra a não ser quando frontalmente perguntado e sempre com um pouco de blague. Sabendo que ele tinha composto música sobre textos de Cummings, e que este também morara em Greenwich Village, indaguei se tinha conhecido o poeta. Ele disse que sim, e que havia mostrado suas composições a Cummings, mas que est não se interessara muito por elas e que, na verdade, só conseguira fazer um pouco de amizade com Marion, mulher do poeta. Nenhuma pretensão. Ao sairmos, na noite fria, à procura de um táxi, tropeçando na neve, ele caminhava lépido à nossa frente, com um gorro engraçado, que tinha algo de cogumelo..."
"No começo dos anos 50, Koellreutter estava, certamente, muito bem informado, especialmente sobre as novas correntes europeias... e nós frequentamos, nessa época, com muito proveito, a Escola Livre de Música... por outro lado, a nossa prática poética, muito avançada para a época, nos fez realmente chegar mais rápido, muitas vezes, à informação nova. Fizemos, por exemplo, com Boulez, quando ele aqui esteve em 1954, um contato que não foi feito, no mesmo grau, por nenhum músico daqui. Ao sairmos de uma conferência que ele fez na Escola Livre, nós o levamos para um papo no apartamento de Waldemar Cordeiro, e, entre outras coisas, o questionamos sobre o Lance de Dados de Mallarmé... fizemos, para ele, uma leitura a quatro vozes de lygia fingers. Depois, Décio conviveu com ele em Paris, inclusive nas refregas da estreia de Déserts, de Varèse, 1954-55. E conheceu pessoalmente Cage, também em Paris. Haroldo se encontrou, antes do que qualquer compositor brasileiro, com Stockhausen, em Colônia. Eu talvez tenha sido o primeiro brasileiro a escrever sobre Charles Ives... Não esquecer que foi nas páginas da revista Invenção que foi lançado o manifesto 'Musica Nova', em 1963. Eu, particularmente, em meu trabalho, encontro muitas vezes mais afinidade com músicos e artistas visuais do que com literatos."
Augusto de Campos (Música de Invenção)
"Me chamaram de nacionalista em todos os tons... Mas sou obrigado a lhe confessar, por mais que isto lhe penalize, que eu não tenho nenhuma noção do que seja pátria política, uma porção de terra fechada pertencente a um povo ou raça. Tenho horror das fronteiras de qualquer espécie, e não encontro em mim nenhum pudor patriótico que me faça amar mais, ou preferir, um brasileiro a um hotentote ou francês."
Mário de Andrade (Carta a Sousa da Silveira, 1935)
"... the movement with the wind of the Orient and the movement against the wind of the Occident meet in America and produce a movement upwards into the air..."
John Cage (Lecture on Something)
"A operação metafísica que se liga ao rito antropofágico é a da transformação do tabu em totem."
O. A. (A Crise da Filosofia Messiânica)
"Passei Piratas do sexo voltam a matar, Amor & Tara, Nosferato no Brasil para Décio Pignatari e Haroldo de Campos, em sessão privada em São Paulo. Os concretos são as pessoas mais importantes, lúcidas e inteligentes deste país." Torquato Neto, Torquatália: Geléia Geral (Rocco, 2004, p. 346).
"... a piadinha sobre o fim da poesia concreta, se não foi piadinha mesmo, e das mais nojentas, é porforice no duro." Torquato Neto, Torquatália: Geléia Geral (Rocco, 2004, p. 348).
"Como pode alguém criticar Haroldo, se nem escrever sabe? Ridiculous!" Hélio Oiticica in Torquatália: Geléia Geral (Rocco, 2004, p. 367).
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Augusto de Campos, Haroldo de Campos and Décio Pignatari are best known as poets. But they have also written insightful and challenging theoretical works whose relevance is far away from being merely academic or parochial. They dealt with literary and cultural issues (not only Brazilian) in a truly cosmopolitan and sophisticated perspective, in books such as the following:
- Augusto de Campos, poesia antipoesia antropofagia & cia. (São Paulo: Companhia das Letras, 2015).
- Augusto de Campos, Verso Reverso Controverso (São Paulo: Perspectiva, 2009).
- Haroldo de Campos, Deus e o Diabo no Fausto de Goethe (São Paulo: Perspectiva, 2008).
- Haroldo de Campos, Metalinguagem & Outras Metas. (São Paulo: Perspectiva, 2013).
- Décio Pignatari, Semiótica & Literatura (Cotia: Ateliê Editorial, 2004).
- Décio Pignatari, Semiótica da Arte e da Arquitetura (Cotia: Ateliê Editorial, 2004).
These books constitute an antidote to a shallow kind of sociological and historical reductionism that besieges Brazilian literary criticism. As a random example of this kind of reductionism, take the following sentences in an otherwise good critical edition of Alvares de Azevedo's Lira dos Vinte Anos: "como se sabe [sic], o pessimismo reinante na segunda geração do romantismo se constitui num contraponto ao naufrágio dos ideais revolucionários que caracterizaram a escola no seu nascedouro"; "chegamos aqui ao coração do problema, ou seja, a posição de classe do poeta"; "o eu-empírico, o eu-autoral, o eu-poético e o eu-transcendental são funções da história" (Ateliê Editorial, 2014, p. 47, 51, 54).
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"À son époque la plus ancienne, la poésie médiévale de langue vulgaire ressemble, de loin, au nô japonais, où tous les éléments du texte, depuis le brit des instruments jusqu'au ton de la voix et au début du discours, participent à et de la stylisation. Toutefois, jamais le Moyen Age occidental n'atteignit cette perfection de totalité formelle."
"Un lien, difficile à définir, mais dont l'existence ne peut être niée, attache à la 'Renaissance carolingienne' l'émergence des premiers textes de langue vulgaire, sinon la prise de conscience de cette langue même. La décadence du Xe siècle n'est apparemment pas sans rapports avec la préhistoire de la poésie romane."
"Les doctes du XIIIe siècle considèrent de haut la poésie: fruit de l'imagination, l'une des plus basses facultés de l'âme, elles est classée par Thomas d'Aquin parmi les branches inférieures de la logique. D'où, peut-être, comme une création de défense, cette persuasion affichée par les poètes, que les secrets de leur art leur donnent accès aux sens cachés."
"On n'a pas ici le découpage d'un discours selon un patron rythmique ou métrique, mais constitution d'une forme nouvelle, à la fois discours et rythme. Le vers selon lequel, quelles que soient ses 'règles' particulières, est chanté ou lu le poème médiéval, introduit dans la chaîne du discours des suspensions, des intervalles comparables aux blancs du poème typographique et, plus encore, à ces trous intervenant dans une communication et l'empêchant d'être parfaitement décryptable et traductible.
"... la description du travail des jeunes prisonnières, étonnamment précise et fournissant maint détail sur la situation économique de ces malheureuses, fut apparemment inspirée à Chrétien de Troyes par le spectacle des ateliers de tissage champenois. Toutefois, il est douteux que l'on ait là plus qu'un 'effet de réel', certes très puissant, mais valorisé au niveau romanesque, non au niveau de l'expérience [?/cette dichotomie est douteuse!]. L'atelier visité par Chrétien est le comparant dont l'aventure d'Yvain est le comparé. La 'réalité' est ici la métaphore du roman... le texte est moins miroir que surface miroitante..."
"... le caractère rationnel de l'allégorie: elle extrait d'un fragment de réel un sens indiscutable; elle proclame et engendre un ordre clair, dépourvu de franges inquiétantes..."
"On sait la vogue de l'allégorie, en latin, dès la fin de l'Antiquité; très tot, elle constitua la fiction fondamentale de poèmes entiers, parfois didactiques comme le De Nuptiis Philologiae et Mercurii de Martianus Capella."
"... énoncés faits de longues séries accumulatives mimant le boniment d'un camelot ou les cris de marchands; de fragments de sons dénués de sens, quoique soumis au rythme du vers... Ce dernier procédé, dont le Miracle de Théophile, de Rutebeuf, vers 1260, offre le plus ancien exemple, deviendra traditionnel dans le théâtre, où il 'figure' l'hébreu, le chaldéen, voire, la langue diabolique..."
"Fatrasie et resverie ont eu, comme formes autonomes, une existence assez brève: fin XIIIe, première moitié du XIVe siècle. Elles marquèrent alors, au moment où les traditions archaïques s'épuisaient, l'aboutissement convergent et la formalisation de tendances remontant à la basse Antiquité... elles furent récupérées par le théâtre du XVe siècle... sous le coq-à-l'âne du XVI... Ce n'est pas le langage en tant qu'instrument de communication que l'on dissocie... Néanmoins, un obscur dessein semble vouloir pousser le discours jusqu'au-delà de lui-même, vers le silence peut-être: il n'atteindra pas ce terme avant Rabelais."
"Le fait capital, en effet, mais aussi le moins saisissable, c'est le caractère musical de la chanson. Verbe et mélodie procèdent d'un élan unique, s'engendrent réciproquement en un rapport si étroit que toute analyse devrait porter simultanément sur l'un et l'autre. Par malheur, trop peu de textes nous sont parvenus accompagnés de leur mélodie..."
"C'est au niveau syntaxique que le système de la chanson présente peut-être la plus grande homogénéité: extrême légèreté des liens de subordination, prédominance de la parataxe, rejet dans les associations contextuelles de presque toutes les relations logiques."
"... la fine amour comme la désignent les textes, en quoi je serais porté à comprendre fine en vertu de quelque connotation alchimiques — affinée, raffinée, apurée de tout ce qui n'est pas elle, ramenée à sa quintessence. La littérature sur ce sujet est surabondante et concerne du reste davantage les troubadours que les trouvères."
"Le poème est miroir de soi. Il s'écoule et, s'il se perd en un terme, c'est en lui-même, 'de la même manière que se perdit le beau Narcisse dans la fontaine', chante Bernart de Ventandorn..."
"La 'cohérence' ainsi constatée, si on la comprend en elle-même et de manière abstraite, n'est autre que la 'convenance' que Dante attribuait à la canzone: la discretio dont parlent, sans bien la définir, certains rhétoriciens, cette concordance entre la 'gravité du sens, la noblesse du chant, la subtilité de l'harmonie et l'excellence des vocables' qu'évoque le De vulgaris eloquentia."
"... j'ai proposé l'emploi du mot de 'registre'... La chanson se rapporte au registre en vertu (il faut reprendre ce terme) d'une participation..."
"... l'object fictif du chant peut être alternativement nommé comme une personne (vous), un 'objet' (dame) ou un lieu (la). Les troubadours utilisaient un terme clé, aizimen, parfois aizi, relatif, de façon du reste obscure, à quelque lieu central de la fine amour, impossible à nommer autrement et par rapport auquel se situent le poète et les phases successives de son discours."
"... la vogue de toutes les formes de chant à refrain, caractéristique du XIIIe siècle et qui se prolongera jusqu'au XVe..."
"Les chansons d'argument religieux, dont Järström et Langfors publièrent jadis une collection, sont le plus souvent des contrafactures dont ces éditeurs ont pu identifier le modèle profane. Les chansons mariales, qui en constituent la sous-classe principale, reposent thématiquement sur une combinaison de motifs empruntés à l'hymnologie latine... Gautier de Coincy... Miracles de Notre Dame..."
"Par-delà les troubles et les déchirements du XIVe siècle, le XVe marque l'émiettement de l'image synthétique de s'était, de l'homme et du monde, fait le 'moyen age'. D'où l'extension de motifs imaginatifs jusqu'alors maintenus dans une étroite tradition cléricale et homilétique... le péché, la punition, la mort non plus métaphorique, l'enfer. Les premières Danses Macabré, qui furent sans doute des séries de devises rimées, illustrant dessins ou peintures, datent des années 1370. On en composa jusqu'au XVIe siècle, mais, en amont, leurs archétypes appartiennent à une tradition latine ancienne. La fréquence, au XVe siècle, des poèmes expliquant un dessin, une peinture, un vitrail, parfois brodés sur une étoffe ou vêtement... la fréquence des peintures dans les manuscrits contenant des collections poétiques: autant d'indices convergents d'une régression de la faculté d'abstraction... l'extension rapide et presque soudaine de toutes les formes de représentation dramatique; l'émergence des figurations démoniaques, manifestant de façon massive des traits jusqu'alors dispersés dans un folklore chrétien demeuré, pour l'essentiel, étranger à la poésie, mais qui avait été la source d'innombrables mises en forme plastiques..."
"La dissociation qui s'opère alors entre poésie et musique... Le perfectionnement des systèmes de notation musicale et le développement qu'ils permettaient de donner aux mélodies; l'action de musiciens novateurs comme Guillaume de Machaut... tout concourt, dès les années 1330-1350, à faire de la musique une technique trop hautement élaborée pour rester accessible à des non-spécialistes et au commun des poètes."
"Les combinaisons syllabiques les moins accordées à la structure de la langue française la font exploser en éclats de délire verbal, comme dans tel rondeau de vers monosyllabiques de Christine de Pisan..."
"Les chanteurs de geste firent quelques pas de plus que les auteurs de chansons de saint sur la voie qui menait vers l'autonomie du discours narratif."
"... la chanson de geste possède une cohérence formelle très forte: perceptible aux niveaux lexical et syntaxique, comme à celui des motifs et, dans une certaine mesure, propre non seulement aux textes individuels mais à leur ensemble... La notion de registre s'y applique-t-elle? On peut hésiter. Je préfère répondre négativement... l'ordre nécessaire des propositions narratives (causalité-implication) introduit dans le système une dimension temporelle dont l'absence, en revanche, caractérise la chanson lyrique."
"La croissance du facteur narratif entraîne non seulement des modifications rythmiques, mais elle transforme la syntaxe, et, à la longue, le vocabulaire même."
"L'avenir est d'ores et déjà connu par le poète, par ses auditeurs et, dans le récit, par les agents mêmes de l'action. Il est comme toute la narration, englobé dans l'éminente dignité des choses antiques... dont le nom même du fougueux cheval de Roland, dans le poème d'Oxford, constitue l'emblème: Veillantif (vieil + antif)..."
"Le poète dispose d'un grand nombre de formules, qui lui servent à exprimer divers aspects concrets d'une situation, selon les besoins du moment. Le nombre d'occurrences de chaque formule diffère beaucoup dans les diverses chansons..."
"... la chanson est conscience de soi. Elle compense la rupture survenue entre le réel et l'imaginaire. Elle exploite moins un souvenir qu'elle ne le projette en prophétie; elle assume ainsi l'idéologie diffuse d'une collectivité très dispersée géographiquement..."
"Peut-être l'ordre des causalités et des implications s'inverse-t-il: parce que Roland doit être vengé, il meurt; parce qu'il mourra, il doit être trahi. Le texte s'explique mal, ou pas du tout. La construction parataxique et les parallélismes accentuent cet effet. Juxtaposition abrupte d'assertions antithétiques, aux traits simplifiés, posées successivement comme les arguments d'une thèse..."
"Vers 1165-1170 apparaît une autre fiction dont, dans l'état de notre documentation, il semble qu'il faille faire honneur à Chrétien de Troyes: le récit dit arthurien."
"... un mouvement de l'imagination qui, projetant dans l'avenir quelque image traditionnelle, la confronte au présent vécu, et tente de l'interpréter, de lui faire rendre un sens, qui sera le sien. D'où le caractère élaboré et construit du roman; d'où ce dynamisme syntaxique qu'y discernait Auerbach, cette progression vers un après, qui s'oppose si nettement à la parataxe épique: les relations s'organisent en profondeur..."
- all quotations from Paul Zumthor's Essai de poétique médiévale (Paris, Éditions du Seuil, 1972);
"La poesía barroca de Nueva España fue una poesía transplantada y que tenía los ojos fijos en los modelos peninsulares, sobre todo en Góngora. Aunque la influencia del poeta cordobés fue enorme y centra, no fue la única. Lope, Quevedo y los otros, sobre todo Calderón, no están ausentes."
"Irving A. Leonard dedica un divertido capítulo de su libro sobre la Nueva España a los certámenes poéticos y enumera algunas de las particularidades del verso barroco: los ecos; los acrósticos; las aliteraciones; poemas que admitían dos o tres lecturas; las poesías 'retrógradas', que se podían leer de arriba para abajo y de abajo para arriba; los centones, poemas hechos con versos ajenos, casi siempre de Góngora; las paranomasias; los jogos de palabras..."
"En los poemas de Quevedo dialogan sin cesar el alma y el culo, los huesos y el excremento."
"El soneto y la terza rima son españoles por naturalización; el romance y el villancio por nacimiento. Este último, según Navarro Tomás, viene de las cantigas de estribillo galaico-portuguesas, derivadas a su vez del zéjel mozárabe... Lorca, Gorostiza, Alberti, Gerardo Diego, Molinari y otros poetas de esa generación, en España y en América, cultivaron con brillo las formas tradicionales. Esos poetas nos enseñaron que la novedad no está reñida con la tradición."
"Los villancicos aparecieron también, intercalados, en las obras de teatro y en las novelas pastoriles. El siglo XVII es el mediodía de esta forma y algunos de los villancicos de Lope, Góngora y Valdivielso figuran figuran entre los poemas líricos más puros de nuestra lengua... A la excelencia poética corresponde la complejidad formal; la mudanza se prolonga en varias coplas asonantadas y el estribillo admite versos de distintas medidas y en combinaciones poco usadas... La característica central del villancico es la mezcla de elementos dispares. Esa mezcla produce a veces lo maravilloso y otras lo grotesco."
"... el canario y el cardador eran bailes y la ensalada aludía a la mezcla de metros y, sobre todo, de maneras de hablar de negros, moros, vizcaínos, gallegos y portugueses. En Nueva España el lugar que tenía el habla de los moros lo ocuparon los indios y su lenguaje. Tocotín se llamaba a la letra escrita en náhuatl o esmaltada de aztequismos..."
"Góngora había hecho prodigios con el habla de los moros y los negros; las fantásticas onomatopeyas de sus villancicos anuncian, y a veces van más allá, la 'poesia negra' de Palés Matos, Ballagas y Nicolás Guillén. El oído y el don verbal de sor Juana rivalizan com los de Góngora..."
"La transformación de los metros tradicionales afectó especialmente al estribillo, que de complement lírico se convirtió en la porción de mayor lucimiento."
"Hay de todo en los villancicos: versos de arte mayor, endecasílabos de gaita gallega y metros de bailes populares..."
"En esto sigue Joana muy de cerca a Calderón, que emplea conn gran maestría el mismo procedimiento. Dámaso Alonso lo ha estudiado y lo llama la 'correlación plurimembre'... La frase se bifurca como un camino o un árbol en dos, tres, cuatro brazos o ramas que Alonzo llama miembros."
"Este período primitivo —representado por un gran nombre, Gil Vicente, y por otros menores como el de Timoneda— desemboca en el gran río poético que fue el teatro de España durante la época de Lope."
"El divino Narciso es un ejemplo del arte exquisito del mosaico o, como se dice ahora, del collage literario, en el que sobresalen Eliot y Pound."
"En la segunda égloga de Garcilaso —el poema más enigmático del Renacimiento español— hay un extraño pasaje sobre el sueño..."
"Sor Juana si reflexionó sobre los límites de la razón: este es el tema de su poema y uno de los ejes de su vida interior..."
"Las Soledades son el gran poema del desengaño español... no hay afán por saber pero tampoco hay fe. Góngora responde al horror del mundo y a la nada del transmundo con un lenguaje más allá del lenguaje; quiero decir, con una palabra que ha dejado de ser comunicación para convertirse en espectáculo."
"Primero sueño gira en torno a esa paradoja que es el núcleo del poema: la revelación de la no-revelación. En este sentido Primero sueño se parece a Le Cemitière Marin y, en el ámbito hispano, a Muerte sin fin y Altazor. Se parece, sobre todo y ante todo, al poema en que se resume toda esa poesía: Un coup de dés."
- all quotations from Octavio Paz, Las trampas de la fe (Fondo de Cultura Económica, 2010);
***See also:
- Jaguanhém;
And also:
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